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quinta-feira, 22 de abril de 2010

Ainda são diamantes

Para ver e ouvir...
Cantando alguma coisa de Sandy & Júnior (sim é tosco, mas não naquele momento), aos quatro anos de idade, enquanto meu irmão pulava de um lado pro outro, meu pai tocava o violão e minha mãe admirava atentamente; eu observava meu próprio ninho e começava a me formar...
Essa é uma das lembranças mais constantes do meu começo de vida...
Meu pai não dava descanso: "Nara, assim não tá bom!!"; "Ró, pára de pular que você vai acabar se machucando!!"; "Gil, canta essa aqui...??!!"
Era bom...
Éramos nós quatro e hoje ainda somos...
Hora do cochilo da tarde, crianças no colo, vinil do Chico (Buarque) na vitrola...
"O que será, que será??
Que vive nas idéias desses amantes,
Que cantam os poetas mais delirantes,
Que juram os profetas embriagados,
Que está na romaria dos multilados,
Que está na fantasia dos infelizes,
Que está no dia a dia das meretrizes,
Nos planos dos bandidos, dos desvalidos,
Em todos os sentidos,
Será, que será??"
Tem coisas que nunca esqueceremos, até mesmo se nos perdermos...
Tenho me sentido desorientada, é tanta coisa e tudo é tão pouco...
Faculdade, trabalho, estabilidade... é isso mesmo o que eu quero??
Meus exemplos foram sempre tão instáveis e vivos; meus cachorros insanos e fiéis; meus ídolos tão distantes de serem comuns...
Em conversa com meu irmão, confessamos ainda conservar os nossos sonhos de infância e... isso doeu. Sonhos que foram cultivados, alimentados e que hoje nos constrange falar a respeito, mas que estão ali, tão ou mais vivos que antes, a espera do momento de deixar o íntimo...
Só que o tempo passa, estamos cada vez mais inseridos num sistema com o qual nunca fomos obrigados a conviver, a não ser por livre e espontânea vontade, e essa vontade eu nunca tive... Por isso me sinto uma decepção para aquela criança de outrora e para minha família.
Qualquer dia desses eu me revolto e coloco o plano "A" em ação (o qual eu jamais deveria ter pulado ou perdido o esboço), corro atrás de borboletas e do pote de ouro no fim do arco-íris, jogo tudo pro alto e vou fazer do jeito que aprendi.
Viro uma inútil pra sociedade e me orgulharei do que me tornar. Vou quebrar a cara ou ter sucesso naquilo que eu escolher, é um risco. Só procuro coragem pra tudo isso, e ela tá bem perto, pois já posso farejar...